Muita gente aqui já deve ter percebido que eu sou fã de Sherlock Holmes. E é isso mesmo. Essa paixão vem muito antes de Guy Ritchie pensar em levar o detetive para as telonas. Gosto daquele Sherlock dos livros, a criatura fantástica de Arthur Conan Doyle, que apesar de ter suas aventuras escritas e ambientadas no final do século 19, conseguiu agradar ao pré-adolescente que eu era quando tive o primeiro contato. Depois que o detetive ganhou uma nova versão para os cinemas, no final do ano passado (e início de 2010, no Brasil), passou a ser mais conhecido e admirado pelo público. Apesar das notáveis diferenças em relação aos livros, a adaptação feita para o século 21 não tirara o brilho e o valor do personagem, como eu já falei aqui.

Sinopse: Em "Noite Tenebrosa", Sherlock Holmes é contratado para transportar em segurança o diamante Estrela da Rodésia, uma jóia rara e valiosíssima. Durante a viagem de trem (que perdura por todo o filme), um assassinato leva vários passageiros a se tornarem suspeitos. O motivo para tal crime não é outro: a preciosa gema é roubada. Ao lado de Watson e do inspetor Lestrade, Holmes investiga este e outros assassinatos, que ocorrem enquanto o trem está em movimento. Todos são suspeitos, mas a impressionante capacidade dedutiva do detetive o leva à grande revelação, seguida de uma empolgante reviravolta no final da história.
:: Opinião
Com apenas uma hora de duração, a história é basicamente um "quem matou/roubou?", onde todos os personagens secundários são suspeitos. Nos dias de hoje o enredo pode parecer um tanto previsível - eu, por exemplo, já suspeitava do verdadeiro criminoso antes da metade do longa - mas vale a pena conferir por ser um clássico do cinema. Pra quem gosta de suspense com algumas doses de humor, é um prato cheio.
:: Curiosidades
.: Entre as características que afastam o filme da obra de Conan Doyle está o período em que a história se passa. Enquanto nos livros Holmes vive durante a Era Vitoriana, o filme parece mostrar o personagem nos dias "atuais", quer dizer, por volta da década de 1940. Pelo menos nisso o filme de Ritchie foi coerente...
.: Outro ponto que me chamou atenção foi a caracterização do Dr. Watson, melhor amigo e companheiro de investigações de Sherlock Holmes. O médico é apresentado como um homem gordo e velho, além de limitado intelectualmente (pra não dizer burro). O Watson ingênuo e incapaz de Nigel Bruce está um tanto distante do bem disposto aprendiz de detetive dos livros de Doyle. Este, aliás, é um erro repetido em várias outras adaptações. Não sei o motivo de insistirem tanto em mostrar Watson como um velho gordo, se nos livros ele é descrito como algo bem próximo do personagem retratado por Jude Law no filme mais recente.
.: O filme se destaca, porém, pela semelhança entre o personagem principal e o que está nos livros. O Holmes de Basil Rathbone é bem mais parecido com o original do que a "caricatura" de Robert Downey Jr. Outro fator interessante é a referência ao personagem Sebastian Moran, que também aparece nos livros, como o segundo maior criminoso da Inglaterra (depois do Prof. Moriarty, é claro).
.: Com roteiro de Frank Gruber e direção de Roy William Neill, a história possui alguns traços dos contos "The Disappearance of Lady Frances Carfax" e "The Adventure of the Blue Carbuncle".
.: Neste filme o ator Basil Rathbone pronuncia uma frase que se tornou marca registrada de Sherlock Holmes: "Elementar, meu caro Watson". Curiosamente, a expressão nunca foi dita pelo personagem nos escritos originais de Sir Arthur Conan Doyle.
:: Do P&B ao DVD
Lançado em 1946, "Noite Tenebrosa" chegou aos cinemas em preto-e-branco. Há alguns anos, porém, o filme passou pelo processo de restauração e colorização digital. Eu nunca tinha passado pela experiência de ver um filme colorido digitalmente e, particularmente, posso dizer que o resultado não é muito animador.
É claro que com o tempo você se acostuma com a imagem envelhecida, mas é um pouco estranho de início dar de cara com cenas quase monocromáticas. Quero dizer, se você comparar a pele de cada personagem, praticamente não notará variação de cor. O mesmo se dá com os ambientes; eu mesmo não notei as cores azul e vermelho nos cenários. Predominam os tons pastel, verde e amarelo. Mas isso não é problema, pois a edição em DVD da NBO (a qual eu adquiri recentemente) traz ainda a versão original em preto-e-branco, tão bem restaurada quanto a primeira.
0 comentários. Só estou esperando o seu...:
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