quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Sherlock Holmes: Noite Tenebrosa


Muita gente aqui já deve ter percebido que eu sou fã de Sherlock Holmes. E é isso mesmo. Essa paixão vem muito antes de Guy Ritchie pensar em levar o detetive para as telonas. Gosto daquele Sherlock dos livros, a criatura fantástica de Arthur Conan Doyle, que apesar de ter suas aventuras escritas e ambientadas no final do século 19, conseguiu agradar ao pré-adolescente que eu era quando tive o primeiro contato. Depois que o detetive ganhou uma nova versão para os cinemas, no final do ano passado (e início de 2010, no Brasil), passou a ser mais conhecido e admirado pelo público. Apesar das notáveis diferenças em relação aos livros, a adaptação feita para o século 21 não tirara o brilho e o valor do personagem, como eu já falei aqui

Agora dedico este post a falar sobre outra versão de Sherlock Holmes para o cinema. Neste caso, um filme datado de 1946, com o célebre Basil Rathbone no papel principal. Noite Tenebrosa (Terror by Night) foi um dos últimos filmes em que o ator interpretou o lendário detetive. Assim como o longa estrelado por Robert Downey Jr, este clássico do cinema preto-e-branco não é baseado em nenhum dos livros de Conan Doyle, apesar de trazer algumas referências. Quem acha que Guy Ritchie mudou muita coisa em sua adaptação para as telonas pode se surpreender em ver que um dos filmes da era de ouro do personagem britânico não é lá muito fiel à obra original...

Sinopse: Em "Noite Tenebrosa", Sherlock Holmes é contratado para transportar em segurança o diamante Estrela da Rodésia, uma jóia rara e valiosíssima. Durante a viagem de trem (que perdura por todo o filme), um assassinato leva vários passageiros a se tornarem suspeitos. O motivo para tal crime não é outro: a preciosa gema é roubada. Ao lado de Watson e do inspetor Lestrade, Holmes investiga este e outros assassinatos, que ocorrem enquanto o trem está em movimento. Todos são suspeitos, mas a impressionante capacidade dedutiva do detetive o leva à grande revelação, seguida de uma empolgante reviravolta no final da história.

:: Opinião

Com apenas uma hora de duração, a história é basicamente um "quem matou/roubou?", onde todos os personagens secundários são suspeitos. Nos dias de hoje o enredo pode parecer um tanto previsível - eu, por exemplo, já suspeitava do verdadeiro criminoso antes da metade do longa - mas vale a pena conferir por ser um clássico do cinema. Pra quem gosta de suspense com algumas doses de humor, é um prato cheio.

:: Curiosidades

.: Entre as características que afastam o filme da obra de Conan Doyle está o período em que a história se passa. Enquanto nos livros Holmes vive durante a Era Vitoriana, o filme parece mostrar o personagem nos dias "atuais", quer dizer, por volta da década de 1940. Pelo menos nisso o filme de Ritchie foi coerente...

.: Outro ponto que me chamou atenção foi a caracterização do Dr. Watson, melhor amigo e companheiro de investigações de Sherlock Holmes. O médico é apresentado como um homem gordo e velho, além de limitado intelectualmente (pra não dizer burro). O Watson ingênuo e incapaz de Nigel Bruce está um tanto distante do bem disposto aprendiz de detetive dos livros de Doyle. Este, aliás, é um erro repetido em várias outras adaptações. Não sei o motivo de insistirem tanto em mostrar Watson como um velho gordo, se nos livros ele é descrito como algo bem próximo do personagem retratado por Jude Law no filme mais recente.


.: O filme se destaca, porém, pela semelhança entre o personagem principal e o que está nos livros. O Holmes de Basil Rathbone é bem mais parecido com o original do que a "caricatura" de Robert Downey Jr. Outro fator interessante é a referência ao personagem Sebastian Moran, que também aparece nos livros, como o segundo maior criminoso da Inglaterra (depois do Prof. Moriarty, é claro).

.: Com roteiro de Frank Gruber e direção de Roy William Neill, a história possui alguns traços dos contos "The Disappearance of Lady Frances Carfax" e "The Adventure of the Blue Carbuncle".

.: Neste filme o ator Basil Rathbone pronuncia uma frase que se tornou marca registrada de Sherlock Holmes: "Elementar, meu caro Watson". Curiosamente, a expressão nunca foi dita pelo personagem nos escritos originais de Sir Arthur Conan Doyle.

:: Do P&B ao DVD

Lançado em 1946, "Noite Tenebrosa" chegou aos cinemas em preto-e-branco. Há alguns anos, porém, o filme passou pelo processo de restauração e colorização digital. Eu nunca tinha passado pela experiência de ver um filme colorido digitalmente e, particularmente, posso dizer que o resultado não é muito animador.

É claro que com o tempo você se acostuma com a imagem envelhecida, mas é um pouco estranho de início dar de cara com cenas quase monocromáticas. Quero dizer, se você comparar a pele de cada personagem, praticamente não notará variação de cor. O mesmo se dá com os ambientes; eu mesmo não notei as cores azul e vermelho nos cenários. Predominam os tons pastel, verde e amarelo. Mas isso não é problema, pois a edição em DVD da NBO (a qual eu adquiri recentemente) traz ainda a versão original em preto-e-branco, tão bem restaurada quanto a primeira.

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