Esse é um tema que eu sempre quis tratar aqui no blog, mas nunca surgia uma ocasião propícia. Porém, acho que agora é um momento mais do que ideal para debater esse assunto.
Há tempos me questiono se um programa jornalístico, que tem a simples missão de deixar o povo informado, poderia expressar seu próprio ponto de vista - ou, no caso, o do apresentador.
Não são muitos os casos, mas o público provavelmente já se acostumou com as tacadas de Bóris Casoy, ou com os comentários inteligentes de Arnaldo Jabor... E quem acompanha os jornais das mais variadas emissoras já deve ter se assustado, ou até dado boas risadas, do jeitão de José Luís Datena, ou dos extintos telefonemas do jornal do SBT.
Mas até que ponto opiniões e comentários expressos nessas ocasiões devem ser aceitáveis?!
Vimos um fato preocupante durante essa tumultuada semana, onde todas as emissoras de TV e meios noticiários estavam com as atenções voltadas para o caso da jovem Eloá Pimentel e sua amiga, Naiara, que foram sequestradas pelo ex-namorado da primeira, Lindemberg - seqüestro este que durou mais 4 dias.
Que todas as TVs se ocupassem em exibir informações sobre o caso tudo bem - é um dever da imprensa e um direito do povo saber o que está acontecendo no seu país. Mas fazer o que foi feito por determinadas emissoras (Globo, Record e RedeTV!) - entrevistar o seqüestrador, podendo até atrapalhar as negociações da polícia - é uma atitude bastante questionável, e perigosa, já que, por alguns pontinhos de audiência, uma vida poderia ser perdida...
Não é só nesse caso que a situação pode se complicar. De várias outras maneiras uma pessoa pode ser persuadida a fazer algo que mais tarde só lhe traria prejuízos. É tudo uma questão de ética.
Não estou aqui querendo culpar A ou B pelo desfecho do caso Lindemberg - longe de mim julgar alguém -, só quero frisar que seria essencial que todo profissional de TV percebesse que tudo o que se diz no maior meio de comunicação em massa, pode e vai servir de influência na conscientização e tomada de decisões de muitos.
Por isso, os que têm a função de levar informação e prestação de serviço ao povo deve tomar muito cuidado com o que dizem, pois as conseqüências podem ser drásticas, talvez pondo em risco a vida de uma pessoa!
sábado, 18 de outubro de 2008
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3 comentários. Só estou esperando o seu...:
Concordo com vc e acrescento: Acho que a imprensa atrapalhou e muito o desfecho deste caso. Imagine o que passou na cabeça perturbada daquele rapaz, quando soube que estava ao vivo em programas de TV? O próprio trabalho da polícia fica prejudicado com tanto repórter, fotógrafo, câmaras, etc. As redes de TV tem a obrigação de informar e não de explorar um assunto tão grave como este.
Na verdade, são duas coisas distintas. Muito se diz que o jornalismo deve ser imparcial, mas jornalismo 100% imparcial não existe. É verdade! Veja, para qualquer pauta, um jornalista precisa decidir a maneira de abordá-la, que ângulos explorar etc. E essa decisão é dele, ou seja, a matéria terá um pouquinho que seja de sua opinião. No caso do Bóris Casoy, ele é um âncora, e o que se espera de uma figura como ele é exatamente suas análises. Quem o assiste sabe que é assim, e gosta de ouvi-lo, mesmo que seja para discordar dele. Já o caso Eloá é outra história. É evidente que a imprensa tinha que cobrir o caso, que era de interesse público. Porém, algumas emissoras fizeram espetáculo em cima da história, e isso é condenável. Mas, infelizmente, vai ser sempre assim. Temos o recente caso Isabella de exemplo. E vamos falar da sua votação. Já vou votar e registro meus votos aqui: Betty, a Feia; Xica da Silva; Paixões Proibidas; Vidas Opostas. Abraço!
www.tele-visao.zip.net
Realmente são coisas destintas.
Opinião é uma coisa, em alguns jornalisticos necessaria mas concordo com voce que póde interferir nas escolhas do cidadão.
Já o que aconteceu nesse caso foi algo extremamente preocupante. Faltou ética nesse jornalismo brasileiro, que sempre se aproveita das situações taágicas para ganhar audiência!
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