Depois de tanta espera, finalmente chegou aos cinemas brasileiros o longa Alice no País das Maravilhas, nova superprodução dos estúdios Disney. Misturando atores reais com animação computadorizada e um visual fantástico, o filme repete a parceria de sucesso entre o consagrado ator Johnny Depp e o excêntrico diretor Tim Burton - além de sua esposa, a talentosa Helena Bonham Carter.
Quase 60 anos separam a famosa adaptação de Walt Disney da nova versão do clássico de Lewis Carrol. Com o passar do tempo, e o surgimento de novas tecnologias, o público ficou sedento pela continuação da história que começou quando a menina tinha apenas 7 anos. A possibilidade de um retorno àquele curioso país, somado aos nomes que reforçam tanto o elenco como a direção foram fatores chave para aumentar ainda mais a expectativa.
Então o filme estreia. As primeiras impressões, vindas dos críticos americanos, não são tão animadoras como se esperava. O público se preocupa, até que chega a vez dos cinemas brasileiros. A maioria se diz decepcionada com a história. Eu - que não tenho por hábito fazer isso antes de assistir a um filme - decido ler algumas críticas para saber o porquê das reclamações. Minhas expectativas vão lá pra baixo, começo a ficar com o pé atrás, em dúvidas se vale mesmo a pena assistir ao filme - e mais: se vale a pena pagar mais caro para ver em 3D!
Decidido: Nesta segunda-feira juntei uns amigos e fomos ver o filme. Já que tinha esperado tanto, não me sentiria bem se simplesmente tivesse desistido por causa da opinião dos outros. Então pronto, lá estava eu, praticamente sem esperanças, apenas esperando uma grande decepção, depois de tantos comentários negativos...
Daí começa o filme, e o que vejo? Um prólogo interessante, onde somos apresentados a uma Alice (Mia Wasikowska) mais velha - já que se passaram 13 anos - em meio a uma sociedade fútil, na qual ela não consegue se encaixar muito bem. Alguns personagens e situações remetem ao país que há anos habita os sonhos (ou pesadelos) da jovem, que está prestes a ser pedida em casamento. E é fugindo de seu triste destino que a ainda curiosa Alice parte para o País das Maravilhas. Ela não lembra que já estivera lá, mas todas aquelas conhecidas e estranhas criaturas estão esperando sua chegada, para enfim ocorrer o cumprimento de uma tal profecia. Não vou entrar em mais detalhes para que você veja tudo com seus próprios olhos...
O filme é um espetáculo visual, sombrio e exagerado na dose certa, típico de Tim Burton. Sobre os efeitos, não há o que falar - é tudo muito caprichado. Prova disso são os personagens virtuais, como o gato risonho, o coelho branco e a lebre maluca, entre outros. Confesso que o que me incomodou visualmente foi a maquiagem de certos personagens - para ser mais específico: o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) é surreal demais com aqueles olhos verdes contrastando com as olheiras rosadas e cabelos laranjas, e a Rainha Branca (Anne Hathaway) perde a "candura" que deveria ter com seus lábios e sobrancelhas tão escuros. Quanto a Alice, que é pálida como uma cadáver, não tem nem como reclamar, já que este é outro traço marcante do diretor, responsável por tramas "funéreas" como "O Estranho Mundo de Jack" e "Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet".
A dublagem não foi das melhores, apesar dos excelentes profissionais envolvidos. Parece que não souberam escolher as vozes adequadas - como exemplo cito as dubladoras da Rainha Vermelha (que poderia ser trocada com a Branca) e de Alice (que deveria ter uma voz menos infantil). A voz do Chapeleiro estava perfeita (apesar de não ser o dublador tradicional de Johnny Depp), mas o que incomodou um pouco foi aquela língua pegada - característica que já estava presente no clássico Disney.
Agora falando sobre a história: tudo bem que não chegou a ser ruim, como alguns comentaram - eu particularmente não me decepcionei - mas poderia ser melhor. Como uma continuação que é, e não tem como dizer o contrário, Alice foi um tanto "infiel" à animação da década de 1950. Mesmo que digam que é uma livre adaptação dos dois livros de Carrol, isso não justifica, pois a história conhecida pelo grande público é a versão de Disney. Na minha opinião, poderiam ter explorado melhor alguns personagens, deixando a protagonista um pouco mais livre para conhecer as maravilhas do país, ou Mundo Subterrâneo... O que ficou chato pra mim - e você vai entender se assistir - foi a repetição de explicações, de nomes de personagens e a aparente tentativa de deixar tudo muito sério - acho que isso não colou muito.
Alice também tem suas lições de moral - aliás, não seria um filme Disney se não fosse assim. Entre outras coisas, o longa como que "defende" a loucura, por meio de personagens como o Chapeleiro e a própria Alice. A Rainha Branca, com seus trejeitos extremamente delicados, é evidentemente uma crítica àqueles que, de tão "bonzinhos", chegam a ser irritantes. Confesso que em dados momentos cheguei a preferir a malvada Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter), muito mais enérgica do que sua irmãzinha. Há também uma mensagem principal, que Alice leva para sua vida real, mas pra que contar se você mesmo pode descobrir?!
Fazendo um resumo da ópera, Alice no País das Maravilhas é um bom filme. Acho que merece uma nota 8,5. Eu indico, mas já aviso que não deve ir com muitas expectativas. É bem melhor deixar para ser surpreendido. E se por acaso não gostar - coisa que eu duvido -, pense que esta foi uma oportunidade de ver que o desenho clássico de Walt Disney, este sim é uma maravilha.
Daí começa o filme, e o que vejo? Um prólogo interessante, onde somos apresentados a uma Alice (Mia Wasikowska) mais velha - já que se passaram 13 anos - em meio a uma sociedade fútil, na qual ela não consegue se encaixar muito bem. Alguns personagens e situações remetem ao país que há anos habita os sonhos (ou pesadelos) da jovem, que está prestes a ser pedida em casamento. E é fugindo de seu triste destino que a ainda curiosa Alice parte para o País das Maravilhas. Ela não lembra que já estivera lá, mas todas aquelas conhecidas e estranhas criaturas estão esperando sua chegada, para enfim ocorrer o cumprimento de uma tal profecia. Não vou entrar em mais detalhes para que você veja tudo com seus próprios olhos...
O filme é um espetáculo visual, sombrio e exagerado na dose certa, típico de Tim Burton. Sobre os efeitos, não há o que falar - é tudo muito caprichado. Prova disso são os personagens virtuais, como o gato risonho, o coelho branco e a lebre maluca, entre outros. Confesso que o que me incomodou visualmente foi a maquiagem de certos personagens - para ser mais específico: o Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) é surreal demais com aqueles olhos verdes contrastando com as olheiras rosadas e cabelos laranjas, e a Rainha Branca (Anne Hathaway) perde a "candura" que deveria ter com seus lábios e sobrancelhas tão escuros. Quanto a Alice, que é pálida como uma cadáver, não tem nem como reclamar, já que este é outro traço marcante do diretor, responsável por tramas "funéreas" como "O Estranho Mundo de Jack" e "Sweeney Todd: o Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet".
A dublagem não foi das melhores, apesar dos excelentes profissionais envolvidos. Parece que não souberam escolher as vozes adequadas - como exemplo cito as dubladoras da Rainha Vermelha (que poderia ser trocada com a Branca) e de Alice (que deveria ter uma voz menos infantil). A voz do Chapeleiro estava perfeita (apesar de não ser o dublador tradicional de Johnny Depp), mas o que incomodou um pouco foi aquela língua pegada - característica que já estava presente no clássico Disney.
Agora falando sobre a história: tudo bem que não chegou a ser ruim, como alguns comentaram - eu particularmente não me decepcionei - mas poderia ser melhor. Como uma continuação que é, e não tem como dizer o contrário, Alice foi um tanto "infiel" à animação da década de 1950. Mesmo que digam que é uma livre adaptação dos dois livros de Carrol, isso não justifica, pois a história conhecida pelo grande público é a versão de Disney. Na minha opinião, poderiam ter explorado melhor alguns personagens, deixando a protagonista um pouco mais livre para conhecer as maravilhas do país, ou Mundo Subterrâneo... O que ficou chato pra mim - e você vai entender se assistir - foi a repetição de explicações, de nomes de personagens e a aparente tentativa de deixar tudo muito sério - acho que isso não colou muito.
Alice também tem suas lições de moral - aliás, não seria um filme Disney se não fosse assim. Entre outras coisas, o longa como que "defende" a loucura, por meio de personagens como o Chapeleiro e a própria Alice. A Rainha Branca, com seus trejeitos extremamente delicados, é evidentemente uma crítica àqueles que, de tão "bonzinhos", chegam a ser irritantes. Confesso que em dados momentos cheguei a preferir a malvada Rainha Vermelha (Helena Bonham Carter), muito mais enérgica do que sua irmãzinha. Há também uma mensagem principal, que Alice leva para sua vida real, mas pra que contar se você mesmo pode descobrir?!
Fazendo um resumo da ópera, Alice no País das Maravilhas é um bom filme. Acho que merece uma nota 8,5. Eu indico, mas já aviso que não deve ir com muitas expectativas. É bem melhor deixar para ser surpreendido. E se por acaso não gostar - coisa que eu duvido -, pense que esta foi uma oportunidade de ver que o desenho clássico de Walt Disney, este sim é uma maravilha.
Aproveite para relembrar o especial "Ontem e Hoje", sobre as adaptações de Alice através do tempo:
7 comentários. Só estou esperando o seu...:
Cara ótima critica, soube destacar bem os pontos positivos do longa. Eu já vi o filme e já até postei em meu blog. Eu gostei bastante do filme, mas esperava algo mais além do visual magnífico ! xD
Acho que só falta que eu assista a esse filme... Mas Britto, você viu dublado? Não sei se eu teria essa coragem.
Você me convenceu com seu review! A experiência, como em Avatar, deve valer a pena.
Esse teu post to salvando no PC pra ler e reler muitas vezes! Adorei! Eu tô louco pra ver Alice, mas já sei que a crítica não tá sendo muito boa!
Lucas
www.cascudeando.zip.net
Tô lokooo pra ver esse filme. Tenho a impressão que devo gostar e muito.
Abraços
Brunno
Excelente crítica, Britto.
Estou muito ansioso para assistir "Alice no País das Maravilhas", mas vou esperar sair em DVD, pois não sou fã de cinema de jeito nenhum (mesmo sendo em 3D). Ou seja, sou um cinéfilo que não vai ao cinema... Assisto só DVDs mesmo.
Acho que minha próxima sessão de cinema será só em 2011, pois tenho certeza que não vou agunetar esperar "Pânico 4" sair em DVD.
Abraço!
É uma pena um filme que era tão esperado como esse apanhar tanto da crítica.
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